terça-feira, 14 de abril de 2015

Porque Aécio Neves perdeu a eleição para presidente do Brasil em 2014?

Podemos aplicar para o resultado das eleições de 2014, a estrutura de análise de Augusto Comte, pai da sociologia, em que trazendo para este contexto, podemos dizer que só conseguimos compreender o porque as classes altas votam em Aécio Neves, se compreendermos o porque das classes baixas não votarem em Aécio Neves. 

Abaixo segue uma análise do resultado das eleições presidenciais de 2014 sob a perspectiva da forma como os eleitores representados por suas respectivas classes sociais liam e interpretavam do porque votar nos candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Os eleitores das classes baixas, trabalhadores, buscavam uma única palavra quando ouviam os discursos dos candidatos: função. Para a classe baixa, o que vale mais em qualquer ação, é o porque dessa ação. É preciso deixar muito claro o sentido do que se está fazendo e o porque se está fazendo. 

Para esta classe o governo de Dilma Rousseff cumpria uma função bem clara: proporcionar que estes tivessem acesso à serviços e bens que anteriormente não tinham acesso.
 
A campanha de Aécio Neves teve como principal força de obtenção de votos uma outra palavra: moral.

Os eleitores que votaram em Aécio Neves buscavam através do seu voto realizar uma mudança moral de governo. Quando se fala em moral se entende seus aspectos intrínsecos como ética, verdade, transparência e confiabilidade.

Quem votou em Aécio queria uma mudança, e ela seria moral, uma mudança de um governo corrupto para um governo mais limpo, sério, e etc.

Aécio Neves conseguiu grande parte dos votos que buscavam a troca moral, porém, não conseguiu convencer a maioria dos eleitores quanto à esse aspecto de valores. Porque?

Porque a maioria dos eleitores, aqueles que votaram em Dilma Rousseff estavam focados na palavra oposta ao que Aécio propunha, eles queriam saber se Aécio iria garantir, ampliar e principalmente manter os acessos que haviam alcançado com o governo Dilma. O que se vê é que a grande maioria dos eleitores, representados pela classe baixa não viu função no governo de Aécio, ou seja, não viu uma verdadeira possibilidade de aumentar sua condição e ampliar os acessos que conquistaram. Aécio não soube mostrar para essa classe o que efetivamente seu governo faria com os programas e projetos que atendem a parte mais carente do pais.
 


Ao povo, não vendo função em Aécio Neves governar (fruto da dificuldade do PSDB em criar políticas de expansão dos programas sociais) votou em Dilma, à quem lhe garantiu o acesso durante seu mandato e que manteria esse acesso durante os próximos quatro anos.


À Aécio então, cabe um ensinamento: Para as classes baixas o que vale é função (concreto, físico, real), retira-se o abstrato e a reflexão (subentendido, percepção de ser melhor, possibilidade, aposta) e mostra-se quão real benefício de tal coisa, pois se não houver função, não há garantia para o povo, e sem garantia não há voto de confiança, sem voto, o político perde qualquer eleição.
 

Jean Pierre PS - 25/04/2015